A gordura age como uma cola que une as partículas presentes no esgoto, transformando a sujeira em verdadeiros blocos que obstruem a rede e provocam transtornos para a população
A gordura e o óleo de cozinha não se dissolvem na água. Por isso, além de causar graves problemas ambientais se descartados incorretamente, quando lançados no esgotamento sanitário obstruem a rede, causam transtornos para a população, encarecem a manutenção e prejudicam o tratamento do esgoto. O alerta é feito pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan). A Empresa estima que 50% das obstruções na rede coletora são causadas por lançamento indevido de gordura e óleo de cozinha. A situação é mais grave nos locais com concentração de lanchonetes, restaurantes e shopping centers.
O problema pode ser evitado com a limpeza periódica da caixa de gordura presente na rede interna dos imóveis. Em alguns casos, essa caixa não existe ou é quebrada e o resíduo é lançado na rede coletora de esgoto. A gordura e o óleo de cozinha devem ser recolhidos em recipientes, como garrafas PET, e enviados junto com o lixo para aterros sanitários. O material também pode ser reciclado na fabricação de sabão e detergente ou de biocombustíveis.
Segundo Dalton Ramaldes, gerente de Coleta e Tratamento de Esgoto da Cesan, o custo de manutenção do sistema de esgotamento sanitário pode encarecer em até 20% com a presença de óleos e gorduras. Esse resíduo age como um aglomerante, uma cola que une as partículas presentes no esgoto, transformando a sujeira em verdadeiros blocos. O sistema de elevatórias (bombeamento) e os aeradores das Estações de Tratamento também são danificados, alerta.
Ramaldes afirma ainda que o tratamento do esgoto fica mais difícil. O tratamento biológico é feito por algas que transferem oxigênio para o esgoto. A presença de óleos e gorduras impede que a fotossíntese aconteça e o esgoto seja limpo. A gordura também aglomera sujeira e flutua para a superfície, o que provoca mau cheiro. Já no sistema de lodo ativado, a gordura danifica o equipamento mecânico usado no processo, explica.
Em média, a Cesan trata 74,7 milhões de litros de esgoto por dia nos municípios do Espírito Santo em que opera o sistema de esgotamento sanitário. Mais de 700 mil habitantes têm a cobertura dos serviços de coleta e tratamento de esgoto. Todo volume gerado é limpo e devolvido para o meio ambiente. A eficiência dos tratamentos utilizados pela Cesan fica entre 90% e 95%, índices considerados de excelência por especialistas do setor.
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