Nesta quinta (20), a Cesan e o Incaper entregam o primeiro lote de adubo feito a partir de lodo de esgoto. Todo o processo é feito na Unidade de Gerenciamento de Lodo (UGL), em CIVIT I, na Serra. O projeto tem capacidade de processar 200 t de lodo de esgoto por mês, transformando esse resíduo em adubo agrícola.
Os primeiros carregamentos, que serão realizados nos dias 20, 21 e 24 de novembro, irão beneficiar quatro agricultores nas culturas de seringueira, cana de açúcar, café e eucalipto. A aplicação é feita em duas fases. Nessa primeira, 85 m³ de adubo serão distribuídos e depois de alguns meses mais 50 m³ vão finalizar a entrega.
A UGL possui oito agricultores cadastrados na Região Metropolitana da Grande Vitória – Cariacica, Serra, Vila Velha e Guarapari – para aplicação em uma área de 10 a 36 hectares.
Segundo Fátima Lima, engenheira química da Cesan e coordenadora da UGL, a ampliação dos serviços de tratamento de esgoto doméstico é uma atividade que resgata a dívida ambiental contraída ao longo dos anos. “A matéria orgânica, proveniente do tratamento de esgoto é um insumo que pode influenciar positivamente nas características do solo, melhorando sua sustentabilidade”, afirma.
De acordo com o diretor Técnico do Incaper, Aureliano Nogueira da Costa, a disposição do lodo de ETE (biossólidos)
como fonte de matéria orgânica nos cultivos agrícolas é uma entrega para a sociedade capixaba de resultados de pesquisas desenvolvidas entre o Incaper, Cesan e produtores rurais.
“O Incaper realizou os estudos a respeito da utilização de biossólidos higienizados na agricultura e desenvolveu um manual de utilização conforme cada cultura agrícola. Essa pesquisa, que ganhou o prêmio Inoves em 2009, subsidiou a Cesan na implantação da UGL. A partir de agora, essa matéria orgânica poderá ser disponibilizada ao agricultor que irá receber um material de qualidade, com o projeto agronômico validado pelo Incaper para uso na sua propriedade rural”, disse o diretor.
Sobre a UGL
No período de 2007 a 2011, por meio de convênio entre Cesan e Incaper, foram realizados estudos que possibilitaram definir uma política para a reciclagem de lodo de esgoto e uso na agricultura. A UGL foi construída seguindo a Resolução CONAMA nº 375/2006 que estabelece procedimentos para uso agrícola do lodo de esgoto, com um investimento de R$ 900 mil.
A Unidade é responsável pelo recebimento, processamento, caracterização, transporte e destinação do lodo de esgoto produzido por uma ou mais estações de tratamento de esgoto (ETE). Também fará o monitoramento dos efeitos ambientais, agronômicos e sanitários de sua aplicação em área agrícola.
Esgoto vira adubo
Na Unidade, o lodo, vindo da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Mulembá e que antes era levado para aterro sanitário, é misturado com cal virgem para ser higienizado e armazenado em pátio coberto para um período de “cura”, se transformando no chamado biossólido (lodo tratado) ou adubo.
Amostras são colhidas e analisadas e se aprovadas o adubo é liberado para utilização. Um projeto agronômico é elaborado para as propriedades dos agricultores previamente cadastrados pela Cesan/Incaper e finalmente pode ser utilizado nas culturas.
O adubo produzido pode ser usado em culturas de mamão, café arábica, café conilon, goiaba, abacaxi, banana, eucalipto, açaí, seringueira, palmeira real, milho e cana-de-açúcar.
Uso do adubo produzido na UGL
O uso do adubo feito de lodo de esgoto na agricultura traz benefícios para os agricultores, por ser capaz de restringir o uso de fertilizantes químicos que produzem inúmeros malefícios aos seres humanos e ecossistemas.
Por ano, 2.400 toneladas de adubo poderão ser produzidas para atender as propriedades rurais. A metodologia para o uso do lodo na agricultura é resultado de um estudo feito pelo Incaper, patrocinado pela Cesan.