Transparência
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27/11/2008
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Como garantir água hoje e no futuro

Celso Luiz Caus

O aspecto mais sensível da degradação da Mata Atlântica para a população capixaba é o impacto no abastecimento de água potável. Nos últimos dias, os sistemas de tratamento e distribuição de água foram interrompidos por 24 horas, devido ao aumento da turbidez (quantidade de barro) da água do rio Santa Maria da Vitória, que abastece cerca de 500 mil habitantes da Serra, zona norte de Vitória e Praia Grande, em Fundão. Em recente estudo, que apresentamos no Simpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, a convite da Universidade de Firenze, na Itália, mostramos a relação direta entre degradação ambiental, turbidez e o consumo de produtos para tratamento da água.

O manejo inadequado do solo, aração de morro abaixo, a construção de estradas vicinais sem correto sistema de drenagem, entre outros fatores, aumentam o escoamento hídrico superficial e reduzem a infiltração da água no solo. Os principais efeitos desses fenômenos são a alteração na qualidade da água, por meio do aumento da turbidez, assoreamento e aumento da carga de sólidos nos rios.

A pesquisa apontou que o índice médio de turbidez no rio Santa Maria da Vitória aumentou 100% no período de 1996 a 2007, o que obrigou a Cesan a quase dobrar a quantidade de produtos utilizados no tratamento da água. Já a quantidade de sólidos transportados pelo rio passou de uma média de 26 toneladas/dia em 1996 para 46 toneladas/dia em 2007.

Para garantir a operação das estações de tratamento de água de Carapina e de Santa Maria, a Cesan investiu mais de R$ 5 milhões na implantação de novas tecnologias. Ainda assim, o tratamento da água demanda cada vez mais o uso de produtos químicos e de energia elétrica nos sistemas de abastecimento, para assegurar a potabilidade.

A partir desses dados, entendemos que é necessária uma atuação efetiva nas causas da degradação dos mananciais. Esse é o foco de importantes iniciativas do Governo do Estado. Entre outras ações, o Projeto Florestas para a Vida vai aplicar cerca de R$ 27 milhões na restauração e conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu, responsáveis pelo fornecimento de aproximadamente 95% da água para 1,5 milhão de habitantes da Grande Vitória. O projeto Produtores de Água, previsto para iniciar na bacia do rio Benevente, vai utilizar recursos dos royalties do petróleo para custear o pagamento por serviços ambientais aos produtores rurais que recuperarem ou preservarem nascentes, a mata ciliar e outras iniciativas que melhorem a recarga dos aqüíferos.

O desafio de garantir água no presente e para as futuras gerações é monumental, pois trata-se de modificar práticas que degradaram a cobertura vegetal ao longo de mais de um século, desde o início da imigração européia para o Estado.

Celso Luiz Caus é engenheiro sanitarista, diretor de Relações com o Cliente da Cesan e membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos
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