A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) recebeu do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) o certificado de reconhecimento da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Boa Fé, localizada em Afonso Cláudio. Esta será a primeira RPPN de uma empresa de saneamento no país, segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão ambiental do governo brasileiro responsável pelo gerenciamento da Unidades de Conservação do Brasil.
A solenidade de reconhecimento aconteceu durante a programação da Semana do Meio Ambiente, na qual outras unidades também receberam o certificado.
A criação da RPPN da Cesan teve início em 2010. “Queremos dar a nossa contribuição para a recuperação dos mananciais. Esta é uma reserva que está localizada próxima à uma Estação de Tratamento de Esgoto de Afonso Cláudio, o que mostra a convivência das duas pontas do ciclo – do rio ao rio. As nascentes, matas e área de recarga (onde a água da chuva infiltra e forma os grandes lençóis subterrâneos que dão origem às nascentes que vão formar os rios ), onde o ciclo da água começa, e a estação, onde se fecha este ciclo, com efluente tratado retornando ao rio”, afirmou o diretor-presidente da Cesan, Pablo Andreão.
Para o reflorestamento, a Cesan assinou convênio com o Instituto Terra, entidade responsável pela recuperação da área. O Instituto realizou o plantio de mais de duas mil mudas nativas da Mata Atlântica, colaborando com a recuperação das nascentes existentes no local, além da destruição de armadilhas encontradas na mata.
De acordo com a Lei nº 9.985/00, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN é unidade de conservação privada e tem por objetivo conservar a diversidade biológica. O reconhecimento de uma RPPN é perpétuo, ou seja, depois de certificada a área ficará eternamente protegida. Atualmente, a RPPN da Cesan conta com 14,19 hectares e o próximo passo é elaborar o Plano de Manejo, que estabelece as normas de uso da reserva.
Dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2014 a 2015, apresentados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que houve desmatamento de 18.433 hectares (ha), ou 184 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica. O presidente da Cesan ressaltou ainda que a conservação dos remanescentes florestais da Mata Atlântica do Espírito Santo é de suma importância. “A Mata Atlântica é um patrimônio natural essencial para conservação das águas que abastecem nossos municípios, por isso é importante recuperar o que até o momento, se perdeu. Esta precisa ser uma agenda estratégica não só do Estado, mas do país”, alertou.